SSD vs. HDD na Nuvem para Bancos de Dados: o que os IOPS realmente significam para o custo

dezembro 2, 2025 | por dbsnoop

SSD vs. HDD na Nuvem para Bancos de Dados: o que os IOPS realmente significam para o custo

Ao calcular o custo de um banco de dados na nuvem, a maioria das equipes foca em duas métricas óbvias: o tamanho da instância (CPU/RAM) e a quantidade de armazenamento em Gigabytes (GB). No entanto, um terceiro fator, muitas vezes mal compreendido, é o verdadeiro motor por trás de uma fatura de armazenamento exorbitante: a performance, medida em IOPS (Operações de Entrada/Saída por Segundo).

A escolha entre um disco de “propósito geral” e um de “IOPS provisionado” pode triplicar ou quadruplicar o custo do seu armazenamento, e essa decisão é frequentemente tomada sob a pressão de um incidente de performance, sem uma análise da causa raiz. A verdade desconfortável é que, na maioria dos casos, a necessidade de armazenamento de altíssima performance não é um requisito do negócio, mas sim um imposto pago sobre a ineficiência do software.

As equipes estão pagando um prêmio por discos de elite para compensar queries que realizam um trabalho de I/O ordens de magnitude maior do que o necessário. Este artigo oferece um mergulho técnico para desmistificar o que são IOPS, decodificar os tipos de armazenamento na nuvem (focando em AWS como exemplo) e demonstrar como a otimização do workload é a estratégia mais eficaz para reduzir drasticamente seus custos de armazenamento.

Fundamentos de Performance de Armazenamento: IOPS vs. Throughput vs. Latência

Para tomar decisões informadas, é crucial entender as três métricas que definem a performance de um disco:

  1. IOPS (Operações de Entrada/Saída por Segundo): Mede o número de operações de leitura e escrita que um disco pode realizar por segundo. Esta é a métrica mais crítica para workloads de bancos de dados transacionais (OLTP), que tipicamente envolvem um grande número de pequenas leituras e escritas (ex: buscar um registro de cliente por ID, inserir um novo pedido).
  2. Throughput (Taxa de Transferência): Mede o volume de dados que pode ser lido ou escrito por segundo, geralmente em Megabytes por segundo (MB/s). Esta métrica é mais relevante para workloads que lidam com grandes blocos de dados sequenciais, como streaming, processamento de big data ou Full Table Scans massivos em um data warehouse.
  3. Latência: Mede o tempo que leva para uma única operação de I/O ser concluída, geralmente em milissegundos. Baixa latência é crucial para a performance percebida pelo usuário em aplicações transacionais.

Para um banco de dados OLTP, o IOPS é rei. Milhares de pequenas operações de Index Seek dependem da capacidade do disco de atender a um alto volume de requisições, mesmo que o volume total de dados transferidos (throughput) seja baixo.

Decodificando os Tiers de Armazenamento na Nuvem (Exemplo: AWS EBS)

Os provedores de nuvem oferecem um menu de opções de armazenamento, cada um com um modelo de performance e custo diferente. Vamos usar os Volumes Elásticos de Bloco (EBS) da AWS como nosso exemplo prático.

Armazenamento de Propósito Geral (SSD): gp2 (Legado) e gp3 (Moderno)

  • gp2: Por anos, foi o padrão. Sua performance de IOPS é acoplada ao tamanho do volume, em uma proporção de 3 IOPS por GB, com um sistema de “créditos de burst”. Um volume pequeno tem uma performance de base baixa, mas pode “burst” para 3.000 IOPS por um tempo limitado, consumindo créditos. Se os créditos acabam, a performance despenca para o nível de base, causando uma degradação severa e súbita. Este modelo é perigoso para bancos de dados de produção.
  • gp3: O novo padrão e uma melhoria massiva. Sua performance é desacoplada do tamanho. Você provisiona e paga separadamente por tamanho (GB), IOPS e throughput. Todo volume gp3 vem com uma linha de base de 3.000 IOPS e 125 MB/s de throughput, independentemente do tamanho, o que já é suficiente para muitas cargas de trabalho. Você pode então escalar os IOPS e o throughput de forma independente conforme a necessidade. Para a maioria dos workloads, gp3 oferece a melhor relação custo-benefício.

Armazenamento de IOPS Provisionado (SSD): io1 e io2

  • io1 / io2 / io2 Block Express: Este é o tier de altíssima performance. Aqui, você paga um preço premium por GB e um preço separado por cada IOPS que você provisiona. Se você provisiona 20.000 IOPS, você paga por 20.000 IOPS 24/7, quer você os use ou não. Ele é projetado para as cargas de trabalho mais exigentes e críticas (como grandes bancos de dados Oracle ou SQL Server) que precisam de uma performance de I/O sustentada e de baixa latência.
  • A Armadilha do Custo: Um volume io2 de 1 TB com 20.000 IOPS pode custar mais de 1.500/mês. Um volume gp3 do mesmo tamanho, com a performance padrão de 3.000 IOPS, custa cerca de 80/mês. A diferença de custo é astronômica.

Como um Workload Ineficiente Força o Uso de Discos Caros

Agora, conectamos os dois conceitos. Nenhuma empresa quer pagar por um armazenamento io2 caríssimo se puder evitar. Elas o fazem porque as métricas de monitoramento as forçam a isso. A história de como uma empresa acaba com um disco io2 é quase sempre a mesma:

  1. A Ineficiência é Introduzida: Um desenvolvedor faz deploy de um novo código. Uma das novas queries, talvez para uma feature de busca, não tem um índice de suporte. Em um ambiente de teste com poucos dados, ela é rápida. Em produção, com milhões de linhas, ela executa um Full Table Scan.
  2. O Sintoma no Disco: A aplicação começa a ficar lenta. A equipe de SRE olha os dashboards do CloudWatch e vê o problema: a métrica ReadIOPS está constantemente batendo no teto do que o volume gp3 pode oferecer. A Disk Queue Depth (o número de operações de I/O esperando para serem executadas) está altíssima. O disco se tornou o gargalo.
  3. A “Solução” Reativa: Sob a pressão de um incidente em andamento, a equipe não tem tempo para um diagnóstico profundo do workload. A solução mais rápida e óbvia para aliviar o gargalo de I/O é jogar hardware no problema. Eles agendam uma janela de manutenção de emergência para migrar o volume de gp3 para io2, provisionando um número massivo de IOPS (ex: 20.000) para atender à demanda da query ineficiente.
  4. A Falsa Vitória: A migração é concluída. A aplicação volta ao normal. A crise passou. A equipe de SRE é parabenizada por resolver o problema rapidamente. No entanto, a causa raiz, a query que realiza o Full Table Scan, nunca foi tocada. Ela continua a consumir dezenas de milhares de IOPS a cada execução. A diferença é que agora a empresa está pagando uma fortuna para que o hardware consiga sustentar essa ineficiência. A fatura de armazenamento triplica no final do mês, e esse novo custo é aceito como o “novo normal”.

Este ciclo é a manifestação do débito técnico sendo pago com dinheiro real, em vez de com tempo de engenharia.

A Estratégia Inteligente: Otimizar o Workload para Reduzir a Demanda de I/O

A verdadeira otimização de custos de armazenamento não acontece no console da AWS, mas sim no código da aplicação e na estrutura do banco de dados. A abordagem correta inverte o ciclo vicioso.

Passo 1: Visibilidade da Causa Raiz com Observabilidade

O primeiro passo é quebrar a barreira entre as métricas de infraestrutura e o workload. Uma plataforma de observabilidade como a dbsnOOp é a ferramenta que faz essa conexão.

  • Diagnóstico: Em vez de apenas ver o pico de ReadIOPS, a dbsnOOp mostra qual query específica está causando esse pico. Ela correlaciona a métrica do CloudWatch diretamente com o texto SQL e seu plano de execução. A equipe pode ver claramente que 90% das operações de I/O no sistema estão sendo geradas pela query X, que está executando um Full Table Scan.

Passo 2: Otimização da Query

Com o alvo identificado, a solução deixa de ser hardware e passa a ser software.

  • A Correção: A equipe de desenvolvimento, guiada pela análise da dbsnOOp, cria o índice correto para suportar a cláusula WHERE da query. A operação de Full Table Scan é transformada em um Index Seek de altíssima eficiência.
  • O Resultado: A quantidade de I/O que a query precisa para obter os mesmos dados despenca em ordens de magnitude. Uma operação que antes exigia a leitura de 100.000 páginas de dados do disco agora exige a leitura de 5. A demanda de IOPS da query cai de 20.000 para 50.

Passo 3: O Rightsizing de Armazenamento Real

Com a demanda de I/O drasticamente reduzida, o caríssimo volume io2 se torna um desperdício cômico.

  • A Ação Final: A equipe agora pode, com total confiança, migrar o armazenamento de volta para um volume gp3 muito mais barato. Eles não estão adivinhando; eles sabem que a demanda de IOPS foi eliminada na fonte. A economia de custos é massiva e, mais importante, sustentável, porque o sistema agora é fundamentalmente mais eficiente.

Pare de Pagar o Imposto da Ineficiência

O tipo e o tamanho do seu armazenamento de banco de dados na nuvem não são uma decisão de infraestrutura; são um reflexo direto da eficiência do seu software. Continuar a escalar verticalmente seus discos em resposta a gargalos de I/O é uma estratégia reativa e financeiramente ruinosa. É o equivalente a pagar um imposto sobre o seu próprio débito técnico.

A abordagem de engenharia correta é tratar a alta demanda de IOPS como um bug, não como um requisito. Ao usar uma plataforma de observabilidade para conectar a demanda de I/O às queries específicas que a causam, você pode otimizar o workload na sua origem. Isso não apenas torna sua aplicação mais rápida e escalável, mas permite que você use os tiers de armazenamento mais econômicos, reduzindo sua fatura de nuvem de forma drástica e permanente.

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