
O avanço das plataformas low-code e no-code está transformando a forma como aplicações empresariais são desenvolvidas — mas também está criando novos pontos cegos no monitoramento e na observabilidade. Em 2025, soluções como OutSystems, Mendix, Power Apps e Retool estão cada vez mais presentes no stack de empresas que precisam acelerar a entrega de software, mesmo com escassez de desenvolvedores experientes.
Do ponto de vista de produtividade, o impacto é positivo. Mas do ponto de vista técnico, surgem questões importantes: como inspecionar o comportamento interno de apps que não têm um stack tradicional? Como rastrear falhas, gargalos e violações de segurança em sistemas que foram montados por analistas de negócio? E, principalmente: onde estão os logs?
O que muda com a observabilidade em ambientes low-code?
Plataformas low-code abstraem boa parte do código-fonte, infraestrutura e lógica de execução. Isso significa que:
- Você não tem acesso direto ao código que está rodando em produção;
- Não há estrutura clara para instrumentação personalizada via agentes ou SDKs;
- Logs e métricas são encapsulados ou parcialmente expostos, via painéis proprietários;
- O comportamento real da aplicação pode variar entre ambientes, sem evidência clara no deploy.
Isso complica a vida de SREs, times de segurança e engenharia de dados, que dependem de telemetria confiável para detectar falhas, prevenir incidentes e garantir compliance.
Riscos práticos da falta de observabilidade
A ausência de visibilidade técnica em aplicações construídas em plataformas low-code/no-code pode levar a problemas reais:
- Alertas fantasmas ou inexistentes: sem logs centralizados, falhas intermitentes passam despercebidas;
- Baixa rastreabilidade: difícil identificar qual mudança causou um problema em produção;
- Vulnerabilidades ocultas: bibliotecas ou serviços internos da plataforma podem expor dados sem notificação;
- Ruídos nos sistemas de monitoração tradicionais: dashboards de APM ou observabilidade ignoram por completo partes do stack low-code.
Em ambientes de missão crítica — como aplicações que acessam dados financeiros ou operam com dados pessoais — isso representa um risco operacional sério.
Estratégias para trazer observabilidade ao low-code
Mesmo com as limitações, há formas de mitigar os riscos e integrar plataformas low-code ao ecossistema de observabilidade existente:
1. Exigir APIs e webhooks
As melhores plataformas low-code oferecem APIs de auditoria, eventos de runtime ou webhooks configuráveis. Essas integrações permitem extrair logs, rastrear eventos e alimentar ferramentas externas de observabilidade (como Elasticsearch, Grafana, Prometheus, Datadog ou o próprio dbsnOOp).
2. Instrumentação por fora
Se não é possível observar o código por dentro, observe o comportamento por fora. Monitoramento de endpoints, análise de tráfego, Synthetics e tracing distribuído por proxy reverso são abordagens viáveis. É possível instrumentar a camada de rede, mesmo sem acesso ao core da aplicação.
3. Adoção de camadas intermediárias
Muitos times têm adotado o padrão de colocar uma camada intermediária controlada (como um backend com Node.js ou Python) entre o app low-code e o banco de dados ou serviços críticos. Essa camada atua como “ponto de visibilidade” para logging, tracing e autenticação.
4. Monitoramento comportamental
Em ambientes onde a instrumentação técnica é impossível, o monitoramento passa a depender do comportamento da aplicação: tempo de resposta, uso de recursos, padrão de acesso, erros de interface. Ferramentas como o RUM (Real User Monitoring) e logs de acesso podem indicar problemas reais sem necessidade de instrumentação profunda.
Conclusão: não basta entregar rápido — é preciso enxergar depois da entrega
As plataformas low-code e no-code são ferramentas legítimas para acelerar a transformação digital. Mas sua adoção sem um plano de observabilidade deixa times técnicos operando no escuro. O desafio não é frear o low-code, e sim reconectar essas soluções ao ecossistema técnico que garante estabilidade, segurança e desempenho.
A integração com ferramentas de observabilidade precisa fazer parte da decisão técnica — não como um item “para depois”, mas como um critério de escolha desde o início.
Na dbsnoop, estamos monitorando de perto como plataformas emergentes impactam a observabilidade em ambientes críticos. Continue acompanhando nosso blog para insights práticos sobre infraestrutura, automação e segurança — mesmo quando o código desaparece.
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