Observabilidade vs. Monitoramento: Por Que Métricas de CPU Não São Suficientes

novembro 11, 2025 | por dbsnoop

Observabilidade vs. Monitoramento: Por Que Métricas de CPU Não São Suficientes

Toda equipe de engenharia de software tem um dashboard. Nele, em destaque, brilha a métrica sagrada: a utilização da CPU do banco de dados principal. Um alerta é configurado para disparar quando ela ultrapassa 80%, e a equipe se sente segura, acreditando que a saúde do seu sistema mais crítico está sob vigilância. Esta sensação de segurança é uma ilusão perigosa.

O monitoramento tradicional, focado em métricas de saúde da infraestrutura, é o equivalente a um médico que mede apenas a febre de um paciente. A febre indica que o paciente está doente, mas não diz absolutamente nada sobre por que ele está doente. É uma infecção viral? Bacteriana? Uma doença autoimune? A métrica é um sintoma, não um diagnóstico. A obsessão com métricas de CPU, RAM e I/O mascara a verdadeira causa raiz dos problemas de performance, que reside no trabalho que o banco de dados está executando: o workload.

É aqui que a distinção entre monitoramento e observabilidade deixa de ser um jargão da indústria e se torna uma necessidade prática e urgente. Monitoramento te diz quando seu sistema está quebrando.

Observabilidade te diz onde e por quê. Este artigo vai desmistificar essa diferença com exemplos práticos, mostrando por que a sua abordagem de monitoramento atual está te deixando cego para os problemas que realmente importam.

O Mundo do Monitoramento

O monitoramento, em sua forma clássica, é um sistema de verificação de saúde baseado em um conjunto pré-definido de métricas. Ferramentas como Amazon CloudWatch, Prometheus, Grafana e Zabbix são mestres nisso. Elas coletam “telemetria de caixa preta”: dados sobre o estado externo de um sistema.

  • CPUUtilization: Qual a porcentagem de ciclos de CPU que estão sendo usados?
  • FreeableMemory: Quanta RAM está disponível no servidor?
  • ReadIOPS / WriteIOPS: Quantas operações de leitura/escrita o disco está realizando por segundo?
  • NetworkIn / NetworkOut: Quanto tráfego de rede está entrando e saindo?

Essas métricas são, sem dúvida, úteis. Elas são essenciais para o planejamento de capacidade e para detectar a saturação de recursos. O problema fundamental é que elas são completamente desprovidas de contexto. Elas representam o efeito, nunca a causa.

Imagine o cenário mais comum: o alerta de 95% de CPUUtilization no seu RDS PostgreSQL dispara. O SRE de plantão recebe a chamada. O que ele faz?

  1. Abre o dashboard do CloudWatch para confirmar o pico de CPU. O gráfico mostra uma linha vertical assustadora.
  2. Como o CloudWatch não pode dizer o que está usando a CPU, o SRE precisa fazer um “salto de fé” investigativo. Ele abre um terminal e se conecta via SSH a uma instância EC2 de bastion para então se conectar ao banco de dados.
  3. Ele executa pg_stat_activity em um loop, tentando “pegar no flagra” a query ou o processo que está consumindo os recursos. Isso é como tentar identificar um carro em alta velocidade tirando fotos aleatórias da estrada.
  4. Se ele não encontra nada óbvio, a investigação se expande. Seria um pico de tráfego? Ele verifica os logs do load balancer. Seria um deploy recente? Ele verifica o log do pipeline de CI/CD.
  5. O Tempo Médio para Resolução (MTTR) já está em 45 minutos, e a equipe ainda está na fase de formulação de hipóteses, não de diagnóstico.

Este é o ciclo de vida de um incidente no mundo do monitoramento. É reativo, manual, baseado em suposições e terrivelmente ineficiente. A equipe está cega para o contexto interno do sistema.

O Salto para a Observabilidade

A observabilidade não é “monitoramento com mais dashboards”. É uma mudança fundamental de abordagem. A definição formal diz que a observabilidade é a capacidade de inferir o estado interno de um sistema a partir de seus outputs externos. Na prática, para um banco de dados, isso significa uma coisa: conectar as métricas da infraestrutura ao workload que as está gerando.

A observabilidade se apoia em três pilares de telemetria, mas aplicados de forma contextual:

  1. Métricas de Alto Nível (Contextualizadas): A observabilidade não descarta as métricas de CPU e RAM, mas as trata como o ponto de partida de uma investigação, não o fim. A métrica mais importante em um sistema de observabilidade de banco de dados não é a CPUUtilization, mas sim o DB Time (ou “Active Session Time”). Esta métrica representa o tempo total que as sessões do banco de dados passaram ativas (na CPU ou em espera). Ela é um indicador direto do workload total. Uma plataforma de observabilidade mostra a CPUUtilization e o DB Time no mesmo gráfico. Se ambos sobem juntos, o problema é de carga na CPU. Se o DB Time sobe mas a CPUUtilization não, o problema é de contenção (esperas por locks ou I/O). Essa correlação por si só já reduz o escopo da investigação pela metade.
  2. Logs (Correlacionados): Em vez de tratar os logs do banco de dados como um arquivo de texto a ser analisado manualmente, uma plataforma de observabilidade os ingere e os correlaciona com os eventos de performance. Um erro de deadlock detected no log do PostgreSQL não é um evento isolado; ele é apresentado na linha do tempo exatamente no momento em que um pico de latência foi observado, conectando a causa ao efeito.
  3. Traces (A Peça que Faltava): Este é o coração da observabilidade. No mundo do Application Performance Management (APM), um trace segue uma requisição através de múltiplos microsserviços. No mundo do banco de dados, o “trace” supremo é a query e seu plano de execução. O plano de execução é o “porquê” por trás da performance. Ele detalha passo a passo como o banco de dados pretende buscar os dados. É a evidência irrefutável de uma ineficiência.

A observabilidade, portanto, é a capacidade de, ao ver um pico de CPU, responder instantaneamente à pergunta: “Qual query, executando qual plano de execução, causou este pico?”.

Monitoramento vs. Observabilidade na Prática

Vamos revisitar nosso incidente de 95% de CPU, mas desta vez com uma equipe equipada com uma plataforma de observabilidade como a dbsnOOp.

  1. O alerta de 95% de CPUUtilization dispara. O SRE de plantão recebe a chamada.
  2. Ele abre o dashboard da dbsnOOp. O primeiro painel que ele vê é uma linha do tempo unificada. Ele vê o pico de CPUUtilization perfeitamente alinhado com um pico idêntico na métrica DB Time. Imediatamente, ele sabe que o problema é de carga, não de um processo anômalo.
  3. Logo abaixo, o painel “Top SQL Consumers” foi automaticamente atualizado para o período do incidente. No topo da lista, uma única query, SELECT * FROM products WHERE description LIKE ?, está consumindo 85% do DB Time. O diagnóstico não é mais uma suposição; é um fato apresentado pela ferramenta.
  4. O SRE clica na query. A plataforma exibe seu plano de execução, que mostra uma operação de Parallel Seq Scan destacada em vermelho como o passo mais caro. A causa raiz é clara: a query está usando um LIKE com um curinga no início (%text%), o que impede o uso de um índice B-Tree padrão e força uma varredura completa da tabela em paralelo, saturando todas as vCPUs disponíveis.
  5. O MTTR até o diagnóstico da causa raiz é de menos de três minutos. A equipe não gastou tempo em hipóteses. Eles foram diretamente da detecção do sintoma para a identificação da causa. A conversa agora é produtiva: “A query X está causando um scan. Podemos refatorar a feature para usar full-text search com um índice GIN ou mudar a lógica de busca?”.

A diferença é gritante. A equipe de monitoramento ainda estaria tentando encontrar a agulha no palheiro. A equipe de observabilidade já está discutindo a arquitetura da solução.

A Observabilidade como Ferramenta Proativa

O verdadeiro poder da observabilidade não é apenas resolver incidentes mais rápido. É evitar que eles aconteçam.

  • Detecção de Regressões: Com a observabilidade contínua, uma regressão de performance introduzida por um novo deploy se torna imediatamente visível. A equipe pode ver que, após o deploy das 14h, a query X, que antes tinha um plano de execução eficiente, agora tem um plano ruim. O problema é detectado e corrigido horas ou dias antes de escalar para uma crise.
  • Otimização de Custos (FinOps): A observabilidade do workload é a base para a otimização de custos real. Ao invés de fazer um “rightsizing” cego baseado em métricas de CPU, a equipe pode otimizar as queries que mais consomem recursos, reduzir a carga de CPU em 70% e, então, fazer um downsizing agressivo da instância, economizando milhares de dólares com a confiança de que a performance não será impactada.
  • Planejamento de Capacidade Inteligente: Ao entender quais queries crescem em custo à medida que os dados aumentam, a equipe pode prever futuros gargalos e planejar a arquitetura (como particionamento de tabelas) de forma proativa, em vez de reativa.

Saiba o que se passa no seu ambiente de verdade!

Continuar a gerenciar um banco de dados complexo na nuvem usando apenas monitoramento é como praticar medicina com nada mais que um termômetro. É arcaico, perigoso e fundamentalmente inadequado para a complexidade dos sistemas modernos. A observabilidade não é um luxo; é a evolução necessária. É a mudança de ferramenta, de um termômetro que mede a febre para uma ressonância magnética que mostra a imagem detalhada do que está acontecendo por dentro.

Ela fornece o contexto, o “porquê” por trás do “quê”, capacitando as equipes a parar de apagar incêndios e começar a construir sistemas fundamentalmente mais robustos, eficientes e confiáveis. As métricas de CPU não são suficientes porque elas te dizem que você tem um problema; a observabilidade te dá a resposta.

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