
Desde de sempre sou fã da Apple e do Steve Jobs, e, ele dizia: “Muitas vezes, as pessoas não sabem o que querem até você mostrar para elas”
A IA atual não apenas mostra — ela prevê, entrega e valida. E quem dominar esse processo, dominará o novo varejo.
Há 10 anos, a Amazon registrou uma patente que parecia absurda: enviar produtos para sua casa antes mesmo de você clicar em “comprar”. Sonho de consumo do Sr. Jobs.
Era 2013. A tecnologia já se chamava IA, mas, sejamos honestos, era uma IA bem mais tímida: feita de regressões, árvores de decisão e algoritmos que mais pareciam estatística com esteroides. A rigor, para mim, uma boa meia dúzia de “IF’s” encadeados já é uma IA. Magrinha, fraquinha, pouco sofisticada… mas, é uma IA.
Hoje, em 2025, o cenário é outro. A IA não apenas prevê o que você vai comprar — ela decide o que vai pro caminhão, otimiza a rota, escolhe o melhor armazém urbano, sugere o brinde, e já monitora se você vai devolver o pedido ou não.
Esse artigo é um mergulho na evolução brutal da inteligência artificial no varejo e eCommerce, com foco em quem não quer ser o último a entender o jogo que já está sendo jogado.
De Jobs a Bezos – A fagulha desse movimento
Tudo começa com a patente da Amazon de 2013 chamada Anticipatory Shipping. Nela, a empresa descreve um sistema capaz de prever, com base em histórico e comportamento, quais produtos têm alta chance de serem comprados em breve. Esses produtos seriam então enviados antes mesmo da confirmação da compra, acelerando a entrega a níveis quase instantâneos.
Na época, isso soava futurista. Mas já era IA. Isso se você não levar em conta a IA malvadona Skynet de 1984 (Exterminador do Futuro)
Ou melhor: era IA do século passado com roupas novas.
A IA de 2013: boa de planilha, ruim de contexto
Vamos dar nome aos bois.
Em 2013, quando alguém dizia que usava “IA”, geralmente estava falando de:
- Regressão logística
- Árvores de decisão
- Algoritmos como KNN, SVM, Random Forest
- Modelos de séries temporais básicos (ARIMA, Holt-Winters)
E sim, isso já era chamado de IA. Mas com algumas aspas. Volto a dizer que toda inteligência que não seja humana é artificial. Logo, qualquer coisa que tome algum tipo de ação, baseada em entradas e conhecimento prévio (ie programação) é IA sim senhor. Afinal, tem muita inteligência humana que pode ser colocada entre muitas aspas.
Os modelos acertavam? Às vezes. Mas só se os dados estivessem limpos, os padrões fossem estáveis, e o mundo não mudasse rápido demais. Tipo banco de dados relacional, precisa estar tudo bem definido e organizado.
Era IA de previsão, não de entendimento real do usuário.
A IA de hoje: contextual, multimodal e ativa
Agora estamos em outro planeta. Talvez no planeta Trantor, berço da psico-história (a IA criada por Hari Seldon, matemático e personagem central da saga Fundação).
Hoje a IA no varejo é capaz de:
- Ler comportamento em tempo real (navegação, cliques, tempo de tela, scroll, hover)
- Unificar fontes distintas: histórico de compras, clima, eventos locais, redes sociais
- Gerar campanhas, ofertas e até e-mails personalizados automaticamente
- Decidir o que entra no caminhão de manhã antes do pedido ser feito
- E em alguns casos, entregar o item antes mesmo do cliente pensar em procurá-lo
O salto aconteceu por causa de três fatores:
Fator | O que mudou |
Modelos | Entramos na era dos Transformers, GPTs, BERTs e redes neurais profundas |
Dados | Muito mais dados, em tempo real e em contextos cruzados |
Infraestrutura | Logística urbana, armazéns automatizados e rotas preditivas |
Exemplos que já estão rolando (e não é teoria nem fake news)
- Amazon (EUA/Europa): já posiciona produtos em hubs antes da compra com base em comportamento regional e pessoal.
- JD.com (China): entrega itens preditivos com até 80% de conversão, inclusive enviando produtos não solicitados com direito de recusa.
- Walmart (EUA): usa IA para decidir o que sai no primeiro giro de entregas do dia, antes dos pedidos online chegarem.
- Mercado Livre e Magalu (Brasil): ainda não fazem entrega preditiva na casa do cliente, mas já pré-estoqueiam produtos em dark stores com base em dados preditivos.
A grande virada: do marketing que convence para o marketing que adivinha
A IA deixou de ser ferramenta de análise para virar motor de decisão operacional.
Ela não só entende o cliente. Ela age antes. Antes do clique. Antes do pensamento racional. Ela prevê com precisão e executa. Sozinha.
O novo diferencial competitivo é saber o que entregar, quando, onde e com que argumento — sem perguntar ao cliente.
E no Brasil, Ah no Brasil: pode isso Cortana?
Aqui a coisa complica um pouco.
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, nenhum produto pode ser enviado sem solicitação do cliente, sob pena de ser considerado amostra grátis.
E segundo a LGPD, usar dados comportamentais e inferências exige base legal clara, consentimento (ou legítimo interesse justificado) e transparência.
Ou seja: enviar sem pedir ainda é arriscado. Mas prever para posicionar estoque? Totalmente viável — e altamente estratégico.
E… para refletir
A IA deixou de ser uma curiosidade para virar coração do eCommerce moderno.
- Em 2013, ela era uma planilha sofisticada, tipo John 117 virando Master Chief com a armadura
- Em 2025, ela é o cérebro por trás do frete grátis, do desconto sob medida, do estoque posicionado e da entrega que chega antes da vontade.
Quem não estiver usando IA para prever o comportamento do consumidor e automatizar a resposta a isso, vai perder.
E nem vai entender como perdeu.
Se você trabalha com varejo, tecnologia, marketing, dados ou logística, não dá mais pra ignorar:
A IA não está vindo. Ela já está decidindo o que seu cliente vai comprar. Com ou sem você.
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