
Um risco real ou uma nova era de expansão mental?
Afinal, a IA vai nos deixar mais burros?
Com a popularização do ChatGPT, Copilot, Gemini e outras ferramentas generativas, uma dúvida vem ganhando espaço em universidades, empresas e rodas de conversa: será que estamos terceirizando demais o pensamento? A inteligência artificial está diminuindo nossa capacidade cognitiva — ou ampliando nossas possibilidades?
A resposta não é binária. Há riscos sim, mas também há ganhos incríveis. Tudo depende de como usamos a IA.
Um caso real: Fundação – Inteligência Artificial como aliada do conhecimento
Estou relendo a saga Fundação, de Isaac Asimov. São sete livros, mais de 3.000 páginas, que cobrem um período de quase mil anos da história da galáxia — tudo escrito inicialmente entre 1942 e 1950.
A saga serviu de inspiração para Duna, Star Trek e Star Wars. É rica em tramas políticas, ciência, filosofia, guerras, planetas, personagens marcantes — como O Mulo, um mutante com poderes mentais que lembra uma versão sombria de Jean Grey.
Ache-me alguém que conheça o Bom Doutor (Isaac Asimov) ou a saga Fundação. Apesar da dantesca, imprecisa, e quebrada versão de Fundação da AppleTV, ainda assim, é difícil encontrar alguém que conheça essa obra prima da nerdice. Então, recorri à Inteligência Artificial.
Confesso: mesmo lendo pela segunda vez, é fácil se perder nos detalhes. Então resolvi usar duas IAs — uma para conversar e tirar dúvidas, outra para resumir capítulos e ajudar a revisar conceitos como psico-história ou eventos da linha do tempo.
De pergunta em pergunta, acabei conversando por mais de 4 horas sobre Fundação. Testei hipóteses, pedi explicações alternativas, revisei personagens esquecidos. Foi como ter dois professores de literatura e ficção científica na minha mesa — 24 horas por dia.
Como diria o Sr. Spock: “Fascinante.”
A aviação já me ensinou essa lição
Fui piloto por mais de 20 anos. Quando o GPS surgiu na aviação nos anos 1990, via sistemas Garmin, eu relutei. Insistia em voar com VOR e ADF — rádio-navegação tradicional. Mas a tecnologia GPS era mais precisa, mais segura e mais rápida. Fui vencido. E nunca mais voltei atrás.
A IA, hoje, é o novo GPS da mente. Lutar contra ela é perder tempo e energia. Aceitar e dominar a ferramenta é o verdadeiro diferencial.
Emburrecimento? Depende de quem usa
Sim, a IA pode levar ao “emburrecimento cognitivo” — se usada apenas como atalho. Quando você deixa de pensar, de validar, de refletir… seu cérebro entra no modo avião.
Mas a Inteligência Artificial também pode expandir suas capacidades mentais. Quem usa para testar ideias, explorar temas complexos, escrever melhor ou estudar de forma mais ativa, está treinando o raciocínio — não atrofiando.
Impacto na sociedade
A sociedade brasileira (e global) viverá uma nova divisão: não entre quem tem acesso à IA, mas entre quem usa criticamente e quem usa de forma passiva.
Isso pode acentuar desigualdades. Pessoas que entendem como explorar IA com inteligência terão uma vantagem profissional brutal — enquanto outras ficarão para trás, reféns de ferramentas que não sabem usar.
Mercado de trabalho no Brasil
Funções operacionais, repetitivas ou baseadas em regras já estão sob forte risco. Estamos falando de:
- Suporte técnico níveis 1 e 2
- Atendimento por script
- Produção de conteúdo genérico
- QA manual
- Desenvolvedores que apenas copiam código de fóruns (o famoso Stackoverflow Dev)
Essas funções tendem a ser automatizadas, rebaixadas ou substituídas por IA em até 3 anos.
Por outro lado, quem souber usar Inteligência Artificial como amplificador de performance (e não como muleta) terá enorme valorização.
Mercado de Tecnologia da Informação
O impacto será direto e já está acontecendo.
- Devs júnior com IA: vão produzir mais, mas também vão competir com milhares de pares — o salário tende a cair.
- Devs sênior com visão crítica: vão ganhar mais, porque sabem revisar, integrar, orquestrar e garantir qualidade.
- Plenos que não se atualizarem: correm o risco de serem “comprimidos” entre os dois mundos — sem diferencial técnico, sem vantagem de custo.
O que veremos é uma curva de “sorriso”: topo e base crescendo, e o meio sendo pressionado.
Minha Opinião
A Inteligência Artificial não vai emburrecer ninguém por si só. Mas quem a usa sem consciência, sem critério e sem intenção de aprender… vai sim pensar menos, criar menos e entregar menos valor.
Por outro lado, quem usar a IA para expandir sua cognição, testar hipóteses, estudar mais e trabalhar melhor, vai liderar o futuro.
Assim como o GPS libertou o piloto para focar no voo — e não só na navegação — a IA está aqui para liberar nossa mente do trivial.
Cabe a nós decidir o que fazer com esse novo espaço mental.
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